Violência Doméstica. Olhares sem fronteira

O Colóquio Internacional Violência Doméstica: Olhares sem fronteira, decorreu na Universidade de Évora entre 13 e 14 de outubro, com o objetivo de debater o fenómeno da violência doméstica, considerada pela organização um assunto “persistente, transversal e sem fronteiras, no qual a Academia não pode assumir uma posição de neutralidade, sobretudo em relação à comunidade em que se circunscreve, nem, na perspetiva oposta, a comunidade deve desconhecer a atividade de investigação” desenvolvida na academia.

Com este espírito de abertura recíproca este Colóquio Internacional permitiu dar a conhecer, num quadro multidisciplinar, um conjunto de investigações nacionais e internacionais, que abordam narrativas sobre o concreto e o limite da vulnerabilidade das vítimas”, valorizando a configuração de vias de aproximação pessoal e intervenção social.

Na sessão de abertura que marcou o primeiro dia de trabalhos, Rosalina Pisco Costa, Pró-Reitora da UÉ e especialista na área da Sociologia da Família, Infância, Consumo e Vida Quotidiana, considerou bastante positivo este “ponto de encontro entre investigadores nacionais e estrangeiros, alunos de mestrado e doutoramento com os profissionais que trabalham no terreno”, tornando desta forma possível “um olhar abrangente” sobre esta problemática.

Para Saudade Baltazar, coordenadora do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais CICS.NOVA.UÉvora e organizadora do encontro, a “articulação entre academia e sociedade civil está cada vez mais forte”, e recorda que a UÉ desempenha “um papel de responsabilidade social que não esquece”. Desta forma, ao longo do tempo têm desenvolvido com a participação de diversas entidades regionais que trabalham com esta problemática, “uma troca de experiências” muito enriquecedora.

A coordenadora deste Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais na UÉ realçou, ainda, que a organização deste colóquio alcançou para lá da partilha de ideias, o “objetivo de angariar donativos” oferecidos por diversas instituições públicas e privadas, à Associação Ser Mulher. Esta Associação eborense constituída em 2016 foi reconhecida como instituição particular de solidariedade social, tendo como missão a defesa e promoção de direitos humanos das mulheres; na capacitação e promoção da igualdade de género; no desenvolvimento de atividades com vista à erradicação de todas as formas de violência contra as mulheres e crianças; na intervenção com vítimas de violência doméstica/género; na informação, sensibilização e prevenção na área da violência; e na promoção da educação como fator de desenvolvimento integral e como fator de existência e reforço da paz.

Sónia Reis, coordenadora da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, referiu que, segundo os dados disponíveis, as vítimas de violência doméstica são “maioritariamente do sexo feminino”, apoiando esta associação também outro tipo de vítimas, cooperando “quer a nível nacional quer a nível internacional com organizações congéneres”.

Já Teresa Fragoso, Presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, destacou a importância da data, uma vez que esta entidade cumpre 40 anos de existência, tendo ao longo do tempo “trabalhado em parceria com as universidades e a sociedade civil”. No que toca ao apoio às vitimas, Teresa Fragoso, recordou que Portugal “foi o primeiro país europeu a assinar a Convenção do Conselho da Europa para a Proteção das Crianças contra a Exploração Sexual e os Abusos Sexuais, também conhecida por Convenção de Istambul. Este acordo, tem o objetivo de combater a violência contra mulheres e a violência doméstica através da prevenção da violência, proteção das vítimas e eliminação da impunidade dos agressores.

Este Colóquio organizado Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais CICS.NOVA.UÉvora, contou com o apoio dos Departamentos de Filosofia e de Sociologia da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora, e da Escola de Artes da mesma Universidade.

 

Publicado em 24.10.2017
Fonte: GabCom | UÉ