M. Amoedo; A.M. Costa Freitas; A. Saéz Delgado; S. Rocha e Cunha
Foto: Daniel Mira
Comemoração da atribuição do Prémio Eduardo Lourenço ao Prof. Antonio Saéz Delgado

Teve lugar ao fim da tarde de ontem, dia 15 de maio, na Sala dos Docentes da Universidade de Évora (UÉ), uma sessão comemorativa da atribuição do Prémio Eduardo Lourenço 2014 ao Professor Antonio Saéz Delgado, docente do Departamento de Linguística e Literaturas da UÉ.

O momento de comemoração, uma organização da Escola de Ciências Sociais (ECS) da UÉ, contou com a presença do homenageado, Prof. Antonio Saéz Delgado, do Diretor da ECS, Prof. Silvério Rocha e Cunha, da Prof.ª Margarida Amoedo Diretora do Departamento de Filosofia, e da recém-empossada Reitora da Universidade de Évora, Prof.ª Ana Maria Costa Freitas, que foram os oradores da sessão.

Perante uma Sala dos Docentes lotada, com a presença de muitos docentes, alunos e funcionários não-docentes, o Prof. Silvério Rocha e Cunha deu início à celebração mostrando a sua satisfação e dizendo que "uma escola universitária deve orgulhar-se quando um dos seus membros é galardoado com um prémio prestigiado, que já foi atribuído a personalidades tão diferentes, mas tão relevantes, como Maria Helena da Rocha Pereira, Mia Couto, Maria João Pires, Jorge de Figueiredo Dias, César Antonio Molina ou Ángel Campos Pámpano. Um prémio destes, significa que um dos nossos entra nesse conjunto de personalidades que se distinguiram pelo seu contributo para a cultura ibérica."

Disse ainda que "o reconhecimento público prestigia a pessoa do académico e do investigador, mas também recai sobre a nossa Escola e a nossa Universidade, mostrando que um dos nossos, vê o seu trabalho compensado externamente." "O seu êxito é o nosso êxito.", acrescentou.

Dizendo que a pertença do galardoado à ECS é "um grande estímulo para todos", concluiu a sua intervenção dizendo que "este prémio honra o nosso Colega Saez e honra a nossa Escola. Anima-nos a prosseguir em tempos difíceis e de resistência, na nossa função de formar pessoas e inventar outros mundos no plano da cultura. Obriga-nos a pensar e contribui para a nossa coesão."

A Professora Margarida Amoedo, Diretora do Departamento de Filosofia da Universidade de Évora, departamento responsável pela candidatura ao prémio, deu conta do "apreço que tem pelo colega Antonio e, neste momento, pelo reconhecimento que o seu mérito tem".

Lembrou "a candidatura que foi feita com imensa convicção que era merecido que o prémio lhe fosse atribuído."

"O facto de o regulamento de candidatura do concurso assumir expressamente que visa galardoar personalidades com intervenção relevante no âmbito da cultura, cidadania e cooperação ibéricas, fazia, por si, de imediato, perceber que o colega Antonio Saéz estava em lugar exigível, tanto mais que tem sido reconhecido o seu trabalho em diversas áreas que são as suas, de tradutor, de crítico literário, consultor e comissário artístico, professor, investigador, escritor.", disse.

Fez notar ainda o "reconhecido papel importantíssimo, que tem na difusão, sobretudo através da literatura, do conhecimento de Espanha em Portugal e de Portugal em Espanha."

Houve ainda oportunidade para que o Professor João Lima, também docente do Departamento de Filosofia, interviesse na sessão, lendo a fundamentação escrita da proposta que foi feita e enviada pelo Departamento de Filosofia, juntamente com o processo de candidatura ao prémio.

Usando da palavra, o Professor Antonio Saéz Delgado, agradeceu à Direção do Departamento de Filosofia por ter proposto o seu nome para ser candidato ao prémio.

Agradeceu ainda à Direção e colegas da Escola, dizendo "considero que é um prémio para todos. De alguma maneira, é um galardão para as Ciências Sociais nesta Universidade."

Prosseguiu confessando que "que senti muita alegria e muita emoção quando ouvi o nome da Universidade de Évora referido em muitos jornais, em muitas páginas da internet e na televisão.", agradecendo também à Reitoria da Universidade por ter apoiado esta iniciativa.

Referindo Fernando Pessoa lembrou "que se uma fronteira se bem que separa também une. Acredito na dupla nacionalidade cultural que propõe Pessoa, sentindo-me, de alguma maneira, herdeiro dessa tradição, e quero, espero e desejo que a Universidade de Évora, que ocupa esse espaço central no mapa da península, também tente cumprir esse papel de ter uma dupla nacionalidade cultural."

O homenageado aproveitou a ocasião para "agradecer a colegas e alunos. Alunos que fazem os pés estarem assentes no chão e que consigamos acompanhar a evolução das novas gerações, sem as quais o nosso pensamento estaria morto”.

Acrescentou que "este prémio é para mim uma grande honra, e uma imensa alegria porque vem, de alguma maneira, conceder um galardão no âmbito dos estudos ibéricos que é a minha pátria, a minha área.” Considerando que é “uma honra, uma grande responsabilidade e também um estímulo para continuar a trabalhar”.

Fazendo alusão ao seu passado, quando há quase 20 anos veio para Universidade de Évora, em 1995, aquando no início dos estudos de espanhol na UÉ, disse que “nestes anos aprendi uma coisa fundamental: a pátria não é para mim um conceito físico. A pátria para mim não é uma geografia. A pátria é um conceito temporal, a pátria é um tempo, um tempo de vida, é o hoje, o tempo que temos para viver”.

"As palavras são o meu material de trabalho e também o meu laboratório. As palavras falam e remetem para o essencial das coisas. Sem as palavras não poderíamos atingir o patamar do essencial, da essência. São a nossa essência e identidade.", acrescentou.

Referindo a importância das relações transfronteiriças ibéricas, disse gostar de pensar "que a Universidade de Évora e a Universidade da Estremadura estão no centro do espaço simbólico entre Lisboa e Madrid e devemos aproveitar essa oportunidade, que é uma oportunidade única."

Encerrando a sessão celebratória, a Reitora da UÉ, Prof.ª Ana Maria Costa Freitas, fez o agradecimento aos presentes, dizendo ser "obvio que é importante para a Universidade de Évora as vezes que a Universidade de Évora foi falada e citada, mas o mais importante é podermos partilhar o espaço com uma pessoa como o Antonio, a importância do prémio que recebeu e a importância que isso se reveste para a Universidade de Évora e para a ECS."

Revelou "partilhar com o Antonio, desde há muito tempo, a ideia do espaço ibérico e das relações com a Estremadura" que disse serem "imensamente importantes", concordando "com a centralidade da UÉ entre Lisboa e Madrid". "É onde nos devemos posicionar e para nós será muito interessante posicionarmo-nos bem nesse espaço que é nosso por direito e que temos sabido valorizar."

Terminou a sua intervenção endereçando "felicitação ao Antonio, à ECS, ao Departamento de Linguística e Literaturas, e ao Departamento de Filosofia", reconhecendo estar "também a Universidade de parabéns por ter um docente que recebeu um prémio tão importante."

DM | UELINE

Publicado em 16.05.2014
Fonte: GabCom | UÉ